Quem sonha em ter uma pousada ou um hostel, tem grandes chances de se identificar com o Éverton, dono do Hostel Solar63. Antes de ter sua própria hospedaria, ele trabalhava como a maioria das pessoas, bancário, terno, gravata, e seguindo regras e protocolos que todo funcionário deve seguir.
A vida de bancário não era o sonho realizado, mas dava uma boa condição de vida e Éverton soube aproveitar. Viajava bastante, geralmente para outros países, sempre ficando em hostels. Essas viagens foram abrindo sua mente, ele percebia que já existia um conceito de hostel bem estabelecido no exterior, coisa que faltava no Brasil. Aqui, a imagem que se tinha ainda era de lugar muito simples e desorganizado, para viajantes sem dinheiro e que aceitavam dormir em qualquer lugar. Não é necessariamente mentira, cada local tem um conceito diferente, mas no exterior já estava consolidada a ideia de locais confortáveis, mesmo que compartilhados, enquanto no Brasil ainda prevalecia a imagem de hospedaria pé de chinelo. Éverton viu nisso uma oportunidade de mudar de vida, e poder finalmente colher os frutos de anos de estudos e trabalho – antes de trabalhar no banco, ele se formou em Administração de Empresas, e sempre gostou de fazer cursos e aprender coisas novas.
Apesar de ter esse perfil business, o empresário veio do interior. Nasceu na pequena cidade de Bagé, sul do Rio Grande do Sul, que tem sua economia baseada na agricultura e na pecuária. Ele e sua irmã foram estudar em um internato na cidade de Pelotas, e seus pais decidiram abrir um pensionato para poder manter os filhos. Foi o primeiro contato que Éverton teve com hospedagem, algo que ficou marcado no sangue do futuro empreendedor de sucesso.
Não teria como ser diferente, concorda? Uma pessoa com infância de interior, que cresceu em um pensionado, virou administrador e gosta de liberdade e de viajar o mundo. O hostel estava escrito em seu destino!
No início, Éverton contou sua ideia para a namorada que tinha na época, e eles decidiram abraçar a causa. Infelizmente (ou felizmente) o namoro acabou, e o projeto foi engavetado. Tempos depois, ele apresentou sua ideia a um amigo, que também gostou e aceitou participar. Formaram a sociedade e, dessa vez, o projeto foi definitivamente para frente. Ambos saíram em busca do imóvel.
O Hostel Solar63 fica em Porto Alegre, no bairro Cidade Baixa, local de classe média e um dos mais seguros e boêmios da capital gaúcha. O ano era 2014 e Éverton sabia que precisava terminar todo o projeto a tempo para a copa do mundo, que naquele ano aconteceria no Brasil. Mesmo com as obras e burocracias a todo vapor, ele anunciou as vagas na internet e começou a fazer reservas. Acertou em cheio, o Hostel foi sucesso logo na estreia! Quando abriram as portas, já estava com a casa cheia e tinham reservas para todo o período da copa, e o melhor, com preço de copa! Geralmente quem começa uma hospedaria, diminui um pouco o preço no início, mas eles já começaram com valor de alta temporada. Deu um belo alívio nas finanças, já que o investimento inicial não foi baixo.
Sobre o investimento, Éverton teve que segurar bastante as pontas no começo. Seus conhecimentos de administração, rotinas bancárias, e também de mercado de capitais, que estudava em cursos, o ajudou a colocar os gastos na ponta do lápis e agir de maneira correta. Ele sabia do risco que é abrir uma empresa no Brasil, país com uma média alta de empresas que fecham nos primeiros anos. Boa parte dessas empresas fecham porque investem alto no começo, segundo Éverton. Compram imóveis caros, querem começar com materiais da melhor qualidade, o que não é necessário.
Boa parte do que ele aprendeu viajando para hostels no exterior, foram conceitos de sustentabilidade que essas empresas adotam. Éverton decidiu aplicar a sustentabilidade, e procurou um imóvel que já tivesse uma estrutura adequada para e seu projeto. Ainda assim precisou investir, mas boa parte do que teve que comprar não foi de primeira linha, mas sim de qualidade suficiente para suprir o que precisava. Este cuidado com o investimento inicial, somado com o sucesso que obteve estreando na copa do mundo, fez com que o caixa girasse rápido no início, e Éverton conseguiu obter um pay back (recuperar todo o dinheiro investido) em menos de dois anos. Segundo ele, em uma situação normal, o pay back levaria pelo menos cinco anos.
O Solar63 tem um site muito bem estruturado. Usam o sistema de gestão Cloudbeds para gerenciar as reservas, então não precisam de muita mão de obra nessa parte. Além disso, o Hostel também faz reservas pelo Booking – nota 9,3 em 827 avaliações e Airbnb – 5 estrelas e Superhost. Nas redes sociais, o hostel tem Instagram e duas páginas no Facebook, a página oficial, e também usam a página do antigo Cidade Baixa Hostel, que encerrou suas atividades e passou a carteira de hóspedes para o Solar63.
Éverton passou apenas uma vez pela situação de quase desistir no Hostel – quando ele e o sócio brigaram. Não é algo fácil de se passar, uma sociedade pode ser uma relação às vezes mais forte que um casamento, afinal são horas de convivência diária e um filho que precisa de atenção constante – a empresa. A sociedade acabou não funcionando e hoje Éverton administra sozinho o Hostel.
Uma outra dificuldade que surge, em média a cada dois anos, são hospedagens que abrem repentinamente e fecham com a mesma velocidade. Hoje qualquer sofá disponível pode ser anunciado em plataformas como Booking, então as pessoas se aproveitam para tentar ganhar dinheiro fácil. Colocam beliches em um espaço qualquer da casa, às vezes na garagem, e vendem online como se fossem hostels, por preços muito abaixo do mercado. Quando isso acontece, as reservas no Solar63 acabam diminuindo, muita gente reclama no preço e compara com outros anunciados, quem chegam a ser de 26 reais por pessoa. Éverton disse que já tentou reagir contra esse tipo de situação, em reunião com a Booking por exemplo, mas não tem como.
São momentos que acabam gerando uma baixa no mercado como um todo, e a qualidade também cai porque as pessoas ficam em locais inadequados. Mas são ondas passageiras, ele já entendeu que é assim que as coisas são e precisa lidar com isso. No final, segundo Éverton, o que interessa são as avaliações dos hóspedes.
O Solar63 trabalha com equipe reduzida, pois Éverton é muito presente na gestão da empresa. Ele tem uma gerente desde 2018, que contratou para o auxiliar na gestão, tirar um pouco do peso das costas, e para trazer novas ideias ao negócio. Hoje eles se revezam no turno.
O hostel também tem uma funcionária fixa para limpeza, e já entraram em programa de voluntariado, mas os problemas com a plataforma Wordpackers e os riscos de se empreender em um país com legislação travada, fizeram Éverton repensar.
Em muitos países é um tipo comum de trabalho, onde o hóspede paga sua estadia e sua alimentação com trabalho. No Brasil não é regulamentado em lei, mas é uma prática comum em boa parte dos hostel do país. Éverton procura chamar a prática de permuta, não voluntariado, porque é uma troca de favores onde todos saem ganhando. Mas, além dos riscos de sofrer alguma retaliação legal, Éverton teve problemas com a um voluntário, que cometeu delitos, foi denunciado por mais de um anfitrião, mas ainda assim o Worlpackers não resolveu a situação, e deixou o voluntário avaliar mal o Solar63, em vez de puni-lo. Infelizmente eles raramente resolvem uma situação como essa, pois cada voluntário punido é menos um pagante na plataforma.
Este mês, junho de 2019, o Hostel Solar63 completa 5 anos. Por coincidência, este ano tem Copa América no Brasil, e as reservas estão bombando mais uma vez! Éverton aproveitou o momento e fez um Curso de Capacitação para a Copa América, realizado pela prefeitura de Porto Alegre. O rapaz não para! Segundo ele, quando você gosta do que faz, quando trabalha com amor e identificação, vale a pena.
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