Quem vai à Bento Gonçalves hoje nem imagina que, há quinze anos, o local era pouco procurado por turistas. Praticamente não existia estrutura para recebê-los.
Imagine-se neste contexto, você arriscaria investir em hospedaria se vivesse em uma cidade sem histórico de sucesso na área? O casal Rubens e Vanja decidiu apostar, sem nenhuma garantia de retorno. Eles já possuíam o imóvel da família, logo no início da Rota das Vinícolas e com um visual único do Vale dos Vinhedos, que se prolonga até o horizonte. Lá, gostavam de passar bons momentos com família e amigos.
Apesar do momento não parecer propício, o investimento valeu a pena e a Pousada Borghetto Sant’anna começou com tudo! Foi lançada em 2005 e, no ano seguinte, ganhou o título de Novidade do Ano do Guia Quatro Rodas, que era a principal referência em turismo na época.
Antes de continuar a história, vamos nos localizar. Bento Golçalves é uma charmosa cidade da Serra Gaúcha, considerada a Capital Nacional do Vinho. Logo na entrada da cidade o turista se depara com um lindo monumento chamado Pórtico Pipa. Seu formato lembra as pipas de madeira, utilizadas na fabricação do Vinho.
A cidade foi colonizada principalmente por italianos, que fugiam de sanções governamentais em meados do século 19. Hoje é famosa por possuir a maior parte do Vale dos Vinhedos, região que abrange três cidades e produz os únicos vinhos do Brasil com os selos Indicação de Procedência e Denominação de Origem.
Além dos eventos relacionados ao vinho e à colheita da uva, a cidade tem todo o clima de serra, com museus, igrejas e belas casas. Também são destaques o tradicional passeio da Maria Fumaça e o Parque Gasper, com turismo de aventura como bungee jump, rapel e tirolesa.
Difícil acreditar que um lugar como esse não tinha exploração turística, não é mesmo? Essa foi a grande sacada do casal. A cidade vivia bem, era autossuficiente com seus vinhedos, mas eles notaram ser um local agradável demais para ser usufruído apenas por poucas famílias, donas de terras e casas na região. O turismo, uma hora ou outra, iria aflorar. Eles abriram a pousada no momento certo!
Começaram com apenas três unidades, até chegar às 7 que têm hoje, divididas entre casas e suítes. Mesmo com o crescimento da pousada, o casal conseguiu manter a essência da ideia, e todas as unidades têm vista frontal e deslumbrante para o Vale dos Vinhedos. Até a área de café da manhã tem a frente toda envidraçada, com vista para o Vale.
Rubens sempre foi muito presente em todos os processos da pousada. Era bastante ativo, e entendia que sua presença e o bom atendimento deveriam ser os diferenciais. Essa proatividade durou 10 anos, até ele entender que, na verdade, tanto trabalho não era necessário, mais atrapalhava do que resolvia. Uma pousada não precisa ter um atendimento tão diferenciado, e muito menos a presença constante do dono no negócio. Calma, eu sei que parece absurdo, mas não desista da leitura agora. Vou te convencer que Rubens foi muito correto em sua reconstrução de paradigma.
De 2014 adiante, ele começou a entender que seu negócio não é hotelaria. Na verdade, a experiência o demonstrou que pousada não tem absolutamente nada a ver com hotelaria. Em suas palavras: “Pousada não é serviço, hotel é serviço. Pousada é pequena, é aconchego, é privacidade. Pousada é ambiente, espaço e situações”. Sua sacada foi um resgate ao verdadeiro motivo que os inspirou a abrir a pousada: a vista maravilhosa que eles têm do Vale dos Vinhedos. Esta é essência do negócio. “Pousada é vista, sem serviço. Serviço é para hotelaria”.
Em outras palavras, Rubens entendeu que não deveria ter tanta dedicação ao atendimento, ao serviço, e principalmente, não precisava estar sempre por perto. Ele não abandonou seu negócio, apenas entendeu que a empresa funcionaria melhor se fosse apenas o que é: uma pousada. Não precisa ter serviços diferenciados, um atendimento excepcional, não precisa ser nada além do que os hóspedes estão esperando na sua estadia.
Este insight que Rubens teve pode parecer um tanto estranho à princípio, mas faz bastante sentido. Se quiser entender um pouco mais sobre o paradigma do bom atendimento, fique atento que estamos produzindo um texto sobre o assunto, com dados atualizados da Booking e do Google.
Talvez você não concorde, já que vivemos na era dos comentários na internet, e um a hospedagem mal avaliada vai perder mercado rapidamente. Isso é verdade, mas a falta de serviços não significa mau atendimento, e muito menos más avaliações. Para Rubens, a tecnologia ainda está renovando o mercado, e as mudanças estão longe de parar por aí. Ele tem observando uma mudança crescente no comportamento do consumidor, que acredita ser devido às fortes exposições das mídias sociais, em especial do consumidor brasileiro. Essas exposições, misturadas com as avaliações que são feitas hoje nos principais motores de reservas online, estão deixando o hóspede cada vez mais exigente. E não é aumentar as ofertas de serviços que irá suprir essa exigência, mas o essencial bem feito.
“Eu ofereço a situação, o espaço confortável, toda a condição para um bom momento. Eu não tenho hotelaria, meu negócio não é hospedagem, meu negócio é felicidade. Vendo experiência para as pessoas, e cada um enxerga a experiência de uma forma diferente. Naturalmente, é impossível agradar a todos, sempre tem alguém que não vai gostar, por mais que a gente se esforce”.
Se você é dono de hospedaria, certamente se identificou com as palavras de Rubens, absorver críticas não é tarefa fácil. Basta ir à uma reunião de pousadeiros, um evento da Booking por exemplo, para sentir o arrepio generalizado que ocorre sempre que a palavra AVALIAÇÕES vem à tona. Para enfrentar as críticas injustas, precisa de muita maturidade e tempo de casa, e entender que é impossível agradar todo mundo. O exemplo do nosso experiente empresário merece ser seguido.
A pousada Borghetto Sant’anna tem um site muito bonito, feito por uma agência de design da própria cidade de Bento Gonçalves. As reservas são feitas via formulário, eles recebem os e-mails e checam a disponibilidade, não há integração com sistema de reservas do tipo channel manager. Além disso, é possível entrar em contato para reservar através do Facebook, do Instagram e do What’sApp.
Hoje, a Pousada é administrada pela gerente, mas todos os processos são definidos pelo Rubens. Ele é bastante simpático, mas reservado e evita se expor, tanto que critica o atual cenário das mídias sociais.
Não precisamos buscar muito para ver o quanto a Borghetto Sant’anna é bem administrada, é só ver a quantidade de elogios na internet. A pousada também é foco de muitos artigos dos profissionais do turismo, veja abaixo algumas notícias sobre a Borghetto disponíveis na internet:
Café Viagem: Pousada Borghetto Sant’anna – refúgio para os apaixonados no Vale dos Vinhedos
Revista Adega: Onde se hospedar perto de vinhedos no Brasil?
Istoé: Sim, aqui é o Brasil
Terra: Veja opções de chalés românticos para curtir com o namorado
Viagem e Turismo: Fotos: 16 pousadas românticas e aconchegantes pelo Brasil
Canal Rural: Agroturismo desponta como novo atrativo da Chapa Diamantina
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